Desabafo de um ansioso
Já faz quase 10 anos que descobri que sofro de ansiedade. Tudo começou com o trauma de um relacionamento que não deu certo. Foi aí que começaram os ataques de pânico, o coração disparado, a insônia, as tremedeiras que mais parecia que as minhas pernas se desprenderiam do meu corpo a qualquer momento. Uma pessoa normal levaria um mês ou menos pra superar uma separação de um namoro de quatro meses. Eu levei quatro anos. Até que fui buscar ajuda, mas sem sucesso. Encontrei no escitalopram e no ballet a minha fonte de equilíbrio, mas não da cura definitiva.
Na TPM, os sintomas pioram. Tenho vontade de chorar a todo momento. Vejo pessoas cochichando, rindo e desconfio se é sobre mim que estão falando. Se levantam pra tomar café ou almoçar e não me chamam, fico achando que é porque não me querem por perto. Se eu não recebo demonstrações de afeto ou provas de amor constantemente, duvido do meu valor.
Vejo o número dos meus seguidores diminuir nas redes sociais, e corro pra um aplicativo que me mostra quem foi que parou de me seguir. Penso se fiz algo de errado com aquela pessoa ou se ela não gosta de mim. E por que? Ah, as redes sociais... Uma verdadeira arma pra quem sofre de transtorno obsessivo compulsivo. Tenho certeza que se não existissem, a vida pra nós seria mais leve.
Hoje, após esses quase 10 anos, as crises vão e vêm. Tem dias mais suportáveis que outros. Ainda sofro, ainda choro. Sinto uma angústia muito forte no peito, às vezes sem saber porque. O lado bom é ver que as pessoas que estão do seu lado são as que realmente gostam de você, que realmente se importam. Surpreendentemente, ser uma pessoa clinicamente ansiosa nos ajuda a filtrar os amigos de verdade e a dar valor à família, que te ama incondicionalmente.
Porque decidi falar sobre isso? Porque me sinto menos pior em compartilhar. Porque sei que mais pessoas sofrem disso, mas não falam. Têm medo. Eu também tenho. Todo dia é uma luta contra nós mesmos e você não está sozinho. Não estamos sozinhos.


