A desglorificação da moda
Lembro-me que, quando me apaixonei por moda, me apaixonei pelas pessoas transeuntes nas ruas, nas praças, nos ônibus. Aonde quer que eu fosse, meu olhar pousava em uma atitude, um gesto ou um estilo que denunciava sua classe social, seu gosto por determinada música, artista ou celebridade. Afinal, a verdadeira moda está nas ruas.
Engana-se quem pensa que a moda é o que vemos nas vitrines ou nas calçadas de inúmeros fashion weeks que existem espalhados pelo mundo afora. Essa moda é fabricada, comprada. Não é real. Oscar de la Renta (1932 – 2014) já dizia que “uma mulher anônima na rua é a mulher que influencia a moda de hoje.” Ou seja, a grande inspiração da maioria (se não de todos) os designers, tanto do passado quanto do presente, está fora e bem longe das passarelas.
Atualmente, vemos uma moda desglorificada, ditada por pseudo-especialistas no assunto. Com seus blogs profissionalizados, as “it girls”, blogueiras e afins direcionam seus posts de “looks do dia”, vazios de conteúdo e cheios de peças de dar inveja cujos preços beiram o absurdo, para meras mortais, como eu e você. Meninas que nunca sequer precisaram cruzar a cidade para chegar ao trabalho, todos os dias, em um transporte público lotado, onde as roupas de quem ali estão realmente contam uma história.
Street Style
Como o próprio nome já diz, o autêntico street style busca resgatar a moda em sua essência. Para conhecer ou até mesmo se inspirar, vale um ‘google’ em fotógrafos como Bill Cunningham, The Sartorialist (@thesartorialist) ou o recém-descoberto David Luraschi (@davidluraschi), profissionais que devem soar familiares aos ouvidos dos bons fashionistas.
Estes são apenas alguns dos grandes transmissores do que devemos entender por moda. “Quando clico minhas imagens, estou mais preocupado com atitudes e personalidades. Às vezes, é uma cor ou uma linguagem corporal. Gosto de alguém que se relaciona com o ambiente. São narrativas”, conta Luraschi em entrevista à Harper’s Bazaar.
Estes são apenas alguns dos grandes transmissores do que devemos entender por moda. “Quando clico minhas imagens, estou mais preocupado com atitudes e personalidades. Às vezes, é uma cor ou uma linguagem corporal. Gosto de alguém que se relaciona com o ambiente. São narrativas”, conta Luraschi em entrevista à Harper’s Bazaar.
Basta pensar no jeito em que as pessoas se vestiam nos anos 50 e depois nos 70. As mudanças são a moda. Ela deve expressar nosso interior, assim como transmitir os valores e a história de uma determinada cultura ou época. E não um retrato fiel de tudo que é exposto e comercializado em páginas de revistas ou nos corredores dos grandes fashion shows.


