A moda como forma de protesto
Não se fala em outra coisa a não ser sobre os protestos que tomam conta do Brasil desde a semana passada. O que começou com o aumento da tarifa do transporte público, deu origem a uma insatisfação generalizada que levou centenas de milhares de pessoas de todas as idades às ruas das principais capitais do país, reivindicando seus direitos. Os gastos excessivos para a Copa do Mundo, a baixa qualidade da educação e da saúde pública, violência, impunidade também estão entre os principais problemas que movem os cidadãos a gritar pelos seus ideais. Vale lembrar que, em meio a este cenário, a moda também faz seu papel.
Um exemplo disso está no caso da estilista brasileira Zuzu Angel que, na década de 70, foi vítima da Ditadura Militar ao ter seu filho, Stuart Angel Jones, torturado e morto pelo Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) no aeroporto do Galeão e dado como desaparecido pelas autoridades. A partir daí, a estilista que trouxe para a moda brasileira materiais do país como pedras, fragmentos de bambus, madeira e conchas, e cores tropicais, entraria em uma guerra contra o regime pela recuperação do corpo de seu filho, envolvendo os Estados Unidos, país de seu ex-marido e pai de Stuart.
Como estilista, Zuzu Angel criou uma coleção estampada com manchas vermelhas, crucifixos, pássaros engaiolados e motivos bélicos, uma forma que encontrou para contar a história de seu filho. Segundo ela, a primeira coleção de moda política da história. Em 1976, Zuzu morreu num acidente automobilístico no Rio de Janeiro, mais tarde reconhecido como um atentado à sua vida que até hoje passa por investigações.
Manifesto no SPFW
No São Paulo Fashion Week do ano passado, Alexandre Herchcovitch, Marcelo Sommer, Fause Haten, Igor Barros e o organizador do evento, Paulo Borges se reuniram ao final do desfile da Cavalera num protesto pedindo a atenção da presidente Dilma para a indústria da moda. Os estilistas, que vestiam camiseta preta com os dizeres: “Presidente Dilma: precisamos falar com você. A moda agradece”, reivindicavam qualificação da mão de obra do setor, investimentos na indústria têxtil, redução de impostos e o fomento do comércio de matéria-prima para tecidos brasileiros.



